Dentro do universo do Serviço Social fala-se constantemente em questão social. Mas o que significa questão social, como surgiu e quais são suas expressões?
A "expressão “questão social”, tem um histórico recente, começou a ser utilizada na terceira década do século XIX, surge para nomear o fenômeno do pauperismo. A pauperização da população trabalhadora é o resultado do capitalismo industrial e crescia da mesma maneira que aumentava a produção”,segundo Netto (2001 p.42 ).
Questão social é produto e expressão da contradição entre capital e trabalho.
O complexo da questão social é um desafio histórico estrutural, que resulta das contradições concretas entre capital e trabalho, a partir do moderno processo de industrialização capitalista, tendo como determinantes o empobrecimento da classe trabalhadora, a consciência dessa classe e a luta política dessa classe contra seus opressores.
Essa contradição é oriunda do desenvolvimento da sociedade, em que o homem tem acesso à cultura, natureza, ciência e às forças produtivas do trabalho social; e do outro lado, cresce a distância entre concentração/acumulação de capital e aumenta a miséria, a pauperização.
Vejamos algumas questões objetivas e subjetivas para o surgimento da questão social:
Questões objetivas para o surgimento da questão social:
→ Surgimento de novos problemas vinculados às modernas condições de trabalho urbano;
→ Aparecimento da burguesia e proletariado;
→ Introdução de uma nova forma de exploração, diferente da escravista e feudal, escondida na produção ( liberdade);
→ Pauperização crescente da classe trabalhadora
Questões subjetivas para o surgimento da questão social:
→ Consciência da classe trabalhadora de sua situação de exploração, permitindo que passasse de uma “classe em si “ a uma classe “para si “, impondo os seus interesses;
→ Organização dos trabalhadores para encontrar respostas às suas necessidades sociais;
→ Inclusão das demandas dos trabalhadores no discurso dos políticos, classe dominante, como uma questão que ameaçava a coesão social.
→ Reconhecimento que o pauperismo era um fato histórico, produzido e reproduzido socialmente, passível de enfrentamento e superação.
→ Pressão dos trabalhadores para uma regulação baseada na cidadania.
Fica claro que a industrialização, acompanhada da urbanização, constituiu o processo desencadeador da questão social, em que as relações sociais e econômicas pré-industriais foram desmanteladas pelo avanço das forças produtivas que respondem primariamente pelas mudanças estruturais. A pobreza, para ser a pré-condição estrutural da questão social, precisou ser politicamente problematizada.
Segundo Pereira (2003 p. 119) “[...] os graves desafios atuais são produtos da mesma contradição entre capital e trabalho, que gerou a questão social no século XIX, mas que, contemporaneamente, assumiram enormes proporções e não foram suficientemente problematizados.”
Desse modo, a questão social só se torna “questão social” quando ela for problematizada o suficiente, reconhecida e assumida por um dos setores da sociedade, com o objetivo de enfrentá-la, torná-la pública e de transformá-la em demanda política, no sentido de “resolver” o problema. Não basta reconhecê-la enquanto realidade bruta da pobreza e da miséria; é preciso ser problematizada em seus dilemas, mas no cenário da crise do nosso Estado de bem-estar, da justiça social, do papel do Estado e do sentido da responsabilidade pública.
Assim, a questão social só se apresenta em suas objetivações, em projetos que determinam prioritariamente o capital sobre o trabalho, em que o objetivo é acumular capital e não garantir condições de vida para a população.
E as consequências da apropriação desigual do produto social são as mais diversas:
→ Desemprego;
→ Analfabetismo;
→ Fome;
→ Violência;
→ Favelas, entre outros.
É nesse contexto que trabalham os assistentes sociais com a questão social, nas mais variadas expressões cotidianas, e como os sujeitos a vivenciam no trabalho, família, habitação, saúde, assistência social, no acesso aos serviços públicos etc.
Hoje, é um dos desafios do assistente social que precisa apreender a questão social e perceber as inúmeras formas de pressão social, de construção e reconstrução da vida cotidiana, pois é no presente que são recriadas novas maneiras de viver, que indicam um futuro que está iniciando, justamente em um momento em que o gênero humano é individualista e desmotivado em um universo da mercantilização universal.
Destacamos também o cenário em que se insere o Serviço Social hoje, como afirma Iamamoto (2004, p. 29 ) :
A "expressão “questão social”, tem um histórico recente, começou a ser utilizada na terceira década do século XIX, surge para nomear o fenômeno do pauperismo. A pauperização da população trabalhadora é o resultado do capitalismo industrial e crescia da mesma maneira que aumentava a produção”,segundo Netto (2001 p.42 ).
Questão social é produto e expressão da contradição entre capital e trabalho.
O complexo da questão social é um desafio histórico estrutural, que resulta das contradições concretas entre capital e trabalho, a partir do moderno processo de industrialização capitalista, tendo como determinantes o empobrecimento da classe trabalhadora, a consciência dessa classe e a luta política dessa classe contra seus opressores.
Essa contradição é oriunda do desenvolvimento da sociedade, em que o homem tem acesso à cultura, natureza, ciência e às forças produtivas do trabalho social; e do outro lado, cresce a distância entre concentração/acumulação de capital e aumenta a miséria, a pauperização.
Vejamos algumas questões objetivas e subjetivas para o surgimento da questão social:
Questões objetivas para o surgimento da questão social:
→ Surgimento de novos problemas vinculados às modernas condições de trabalho urbano;
→ Aparecimento da burguesia e proletariado;
→ Introdução de uma nova forma de exploração, diferente da escravista e feudal, escondida na produção ( liberdade);
→ Pauperização crescente da classe trabalhadora
Questões subjetivas para o surgimento da questão social:
→ Consciência da classe trabalhadora de sua situação de exploração, permitindo que passasse de uma “classe em si “ a uma classe “para si “, impondo os seus interesses;
→ Organização dos trabalhadores para encontrar respostas às suas necessidades sociais;
→ Inclusão das demandas dos trabalhadores no discurso dos políticos, classe dominante, como uma questão que ameaçava a coesão social.
→ Reconhecimento que o pauperismo era um fato histórico, produzido e reproduzido socialmente, passível de enfrentamento e superação.
→ Pressão dos trabalhadores para uma regulação baseada na cidadania.
Fica claro que a industrialização, acompanhada da urbanização, constituiu o processo desencadeador da questão social, em que as relações sociais e econômicas pré-industriais foram desmanteladas pelo avanço das forças produtivas que respondem primariamente pelas mudanças estruturais. A pobreza, para ser a pré-condição estrutural da questão social, precisou ser politicamente problematizada.
Segundo Pereira (2003 p. 119) “[...] os graves desafios atuais são produtos da mesma contradição entre capital e trabalho, que gerou a questão social no século XIX, mas que, contemporaneamente, assumiram enormes proporções e não foram suficientemente problematizados.”
Desse modo, a questão social só se torna “questão social” quando ela for problematizada o suficiente, reconhecida e assumida por um dos setores da sociedade, com o objetivo de enfrentá-la, torná-la pública e de transformá-la em demanda política, no sentido de “resolver” o problema. Não basta reconhecê-la enquanto realidade bruta da pobreza e da miséria; é preciso ser problematizada em seus dilemas, mas no cenário da crise do nosso Estado de bem-estar, da justiça social, do papel do Estado e do sentido da responsabilidade pública.
Assim, a questão social só se apresenta em suas objetivações, em projetos que determinam prioritariamente o capital sobre o trabalho, em que o objetivo é acumular capital e não garantir condições de vida para a população.
E as consequências da apropriação desigual do produto social são as mais diversas:
→ Desemprego;
→ Analfabetismo;
→ Fome;
→ Violência;
→ Favelas, entre outros.
É nesse contexto que trabalham os assistentes sociais com a questão social, nas mais variadas expressões cotidianas, e como os sujeitos a vivenciam no trabalho, família, habitação, saúde, assistência social, no acesso aos serviços públicos etc.
Hoje, é um dos desafios do assistente social que precisa apreender a questão social e perceber as inúmeras formas de pressão social, de construção e reconstrução da vida cotidiana, pois é no presente que são recriadas novas maneiras de viver, que indicam um futuro que está iniciando, justamente em um momento em que o gênero humano é individualista e desmotivado em um universo da mercantilização universal.
Destacamos também o cenário em que se insere o Serviço Social hoje, como afirma Iamamoto (2004, p. 29 ) :
“[...] as novas bases de produção da questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto do trabalho cotidiano do assistente social.”
Segundo Arcoverde, (1999, p. 79 ) os profissionais precisam decifrar as mediações que na atualidade permeiam a questão social, desfazendo seus nós. E, procuram dar visibilidade às formas de resistência e lutas por vezes ocultas, mas presentes na realidade.
É na base da produção capitalista que se produz e reproduz a questão social, onde os assistentes sociais trabalham junto aos indivíduos . E é no contexto do trabalho que a questão social iniciou, se manifestou e até hoje se permeia.
É preciso decifrar os determinantes e as múltiplas expressões da questão social. Esta, encontra-se enraizada na contradição fundamental que demarca essa sociedade, assumindo novas formas a cada época.
O profissional de serviço social precisa estar atento às constantes mudanças, sejam elas econômicas, sociais e/ou culturais, pois são fatores que favorecem ou desafiam a nossa atuação profissional. Com conhecimento teórico metodológico, conseguimos analisar a conjuntura para uma atuação técnico-operativa eficaz nesse modelo neoliberal contemporâneo.
Não basta criticar. É através da intervenção profissional, da observação, do levantamento de indicadores, da problematização da questão social que surgirão novas políticas para a “solução” dos problemas.
É na base da produção capitalista que se produz e reproduz a questão social, onde os assistentes sociais trabalham junto aos indivíduos . E é no contexto do trabalho que a questão social iniciou, se manifestou e até hoje se permeia.
É preciso decifrar os determinantes e as múltiplas expressões da questão social. Esta, encontra-se enraizada na contradição fundamental que demarca essa sociedade, assumindo novas formas a cada época.
O profissional de serviço social precisa estar atento às constantes mudanças, sejam elas econômicas, sociais e/ou culturais, pois são fatores que favorecem ou desafiam a nossa atuação profissional. Com conhecimento teórico metodológico, conseguimos analisar a conjuntura para uma atuação técnico-operativa eficaz nesse modelo neoliberal contemporâneo.
Não basta criticar. É através da intervenção profissional, da observação, do levantamento de indicadores, da problematização da questão social que surgirão novas políticas para a “solução” dos problemas.
BIBLIOGRAFIA
CASTELL, Robert. As metamorfoses da questão social. Uma crônica do salário. 6 ed. Petrópolis, 1998.
FERREIRA, A.B.H. Mini Aurélio. Miniaurelio Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. 5 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
IAMAMOTO, M.V. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 7 ed. São Paulo, Cortez, 2004.
NETO, J. P. Cinco Notas a Propósito da “Questão Social “. In: Revista Temoralis nº 3. ABEPSS, 2003.
PEREIRA, Potyara, A. Perspectivas teóricas sobre a questão social no serviço social. In: Revista Temoralis CFESS,2003.
ARCOVERDE, Ana C.B. Questão Social no Brasil e Serviço Social.Capacitação em Serviço Social e política Social , Brasília, EAD 1999.
CASTELL, Robert. As metamorfoses da questão social. Uma crônica do salário. Editora vozes, 6 ed. 1998.
IAMAMOTO, Marilda V. A questão social no capitalismo. Revista Temporalis, nº 3, 2001 abepss
______. Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional.7 ed. São Paulo, Cortez: 2004
PERERIA. A.P. Questão Social, Serviço Social e Direitos de Cidadania. Revista Temporalis nº 3, 2001 abepss
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
NETTO, Jose Paulo; Braz, Marcelo. Economia Política: uma introdução critica. 3 ed. São Paulo, Cortez, 2007.
PASTORINI, Alejandra. A categoria “questão social” em debate. São Paulo, Cortez, 2004.
STEIN, R. “A (nova) questão social e as estratégias de seu enfrentamento”. Ser Social nº 6. Revista do programa de Pós Graduação em Política Social. UNB.DF, Jan a jun. 2000, p. 133-168.
YASBEK, Maria Carmelita. Pobreza e exclusão social: expressões da questão social no Brasil. In: Revista Temoralis nº 3. ABEPSS, 2003.
CASTELL, Robert. As metamorfoses da questão social. Uma crônica do salário. 6 ed. Petrópolis, 1998.
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PEREIRA, Potyara, A. Perspectivas teóricas sobre a questão social no serviço social. In: Revista Temoralis CFESS,2003.
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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